quarta-feira, 22 de junho de 2011

e foi assim....

22.6.11

era só uma consulta de rotina... das 39 semanas que eu continuo a dizer eram mais... já tinha estado no hospital na terça, tinha contracções sem dores de noite... muitas noites...
e na sexta, telefonei ao médico e disse, hmmm... talvez não valha a pena ir à consulta, estive aí na terça... ao que ele respondeu, não vens cá hoje...
e fui...
ctg calminho...
ele diz, hmmm... nem pensar... só lá para a semana.
ainda assim tenho de te examinar... ao que disse: EPAH!!!! 4 dedos de dilatação??? nem pensar saires daqui!!!!

E assim foi...
Veio a Enfª/parteira... e dei entrada!

Tomei um duche... vesti-me...
tens medo? perguntou.
Não. não tenho medo!

Já deitada e ligada ao soro e ctg (sim, há coisas que não podemos evitar no hospital...)
tricotei... enquanto esperava pela dor...

Veio a parteira... e disse:
não posso evitar a oxitocina. Ordens do médico. no mínimo, disse... vamos ver assim no mínimo.
e fiquei... dores nada... contracções sim. Veio o médico perguntar: Ouve, tens a certeza que não estás a sentir as contracções que eu vejo registadas no monitor?
Rimos... sinto. não doem.
és uma insensível, disse a rir...

Depois a parteira... disse-me: Saía ás 00:30. que eu tinha duas hipoteses:
a) não fazíamos nada... o meu parto adivinhava-se lento, mas tudo correria bem, só não podia garantir o que o novo turno faria... não podia controlar...
b) epidural e rompimento de bolsa... aceleraria o processo e nasceria no turno dela, onde ela poderia controlar algumas coisas...

eu entendi.

Na cama eu não tinha espaço para minimizar a dor... massagens, sacos quentes, banhos... são para um outro espaço que eu não pude escolher....

E sim... foi assim:
rompeu-se o oceano... e veio a epidural... e as ondas chegaram, mas com contracções curtas e rápidas... que em quase nenhum tempo eram dilatação completa...
na sala de partos, fez-se força e empurrou-se a Alice para a praia...
sem episiotomia...
pousada em mim, foi dado ao pai a oportunidade de cortar o cordão que nos ligava...
com calma... sem pressas... abriram-me a roupa e ela veio para a minha pele... ABRIU OS OLHOS.... chorei... MAMOU... ali mesmo...
nasceu a placenta, mostraram-me...
choramos, eu e a parteira...

não ía descrever isto aqui... a nossa história... mas o parto é quase sempre contado de forma tão aterradora...

o parto da Alice foi um parto humanizado, como aqueles pelos quais luto...
uma doula grávida, é como qualquer mulher grávida.... precisa de alguém para dar a mão,
um rosto conhecido, um sorriso...
precisa de ter opções, que lhe perguntem, queres isto ou aquilo? e poder escolher, que não lhe seja imposto.
E precisa de paz.

uma doula não é uma mulher que acompanha partos em casa...
é uma mulher que acompanha mães...
uma doula grávida não é uma mulher que pare em casa,
é uma mulher que pare onde pode, onde acha certo para si...

uma parteira no verdadeiro sentido da palavra é a que eu tive...
não lhe pedi nada, não lhe falei sobre as coisas em que acreditava...
mas ela soube...

e não vou dizer obrigada: fez o seu trabalho...
mas vou dizer:

thanks for this piece of cake! i owe you one!
e ela vai entender!

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